O Chamado do Sangue

O Chamado do Sangue


(Arte de Santiago Caruso)

 

 

O Chamado do Sangue

Despertando a Herança do Sangue-bruxo

por Leonard Dewar

Era Vulgaris MMXII

 

   Esta é uma invocação que tem como objetivo acordar o sangue do praticante, revelando pelos sonhos e sinais, ao longo da prática, segredos e mistérios aprendidos pelos seus antepassados.

   Quem praticá-lo deverá fazer um “Grimorio da Noite”, a fim de anotar tudo o que receber pelo mundo onírico, seja avisos, símbolos, conhecimentos e até mesmo o que parecer sem sentido ou desconexo.

Este Ritual deverá ser realizado por 99 noites consecutivas, ininterruptas, sendo que a cada 30 dias uma vela deverá ser usada, sendo a Branca representando a Luz, os poderes do dia e do Sol; a Preta representando a Escuridão, os poderes da Noite e da Lua e, por último a vermelha, o Fogo, representando o sangue e o espírito ancestral, os conhecimentos do próprio andarilho e de seus antepassados, a cor da Arte. A ordem das velas é de escolha do andarilho, pois o caminho de cada um é de própria responsabilidade, assim como as conseqüências. Quando completar um ciclo com cada vela, deve o Andarilho usar as três velas, fazendo assim, as últimas nove noites com três velas: a Negra á sua esquerda, a Branca á sua direita e a vermelha entre ambas, de frente ao feiticeiro. Dessa forma ele completará o ciclo dos 99 dias, realizando o noventa vezes nove, cujo resultado é o sagrado nome de Qayn.

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O Medo do Sobrenatural: o amadurecimento das ideias na prática

O Medo do Sobrenatural: o amadurecimento das ideias na prática

“É difícil marcar o lugar onde para o homem e começa o animal,
onde cessa a alma e começa o instinto
-onde a paixão se torna ferocidade.
É difícil marcar onde deve parar o galope do sangue nas artérias,
e a violência da dor no crânio.”
(1)

Quantas vezes não ouvimos relatos, videos e declarações de feitos mágicos que chegam a saltar os olhos? Quantos desses relatos nos lembram livros e filmes de fantasia e do quão heroico ou até mesmo harmônico tais relatos nos deixam boquiabertos?

Várias pessoas conversando com Deuses como se fossem seu vizinho da esquina; lutando contra entidades sinistras ou demoníacas como se fossem verdadeiros e poderosos guerreiros mágicos (ou algo assim); ou ainda falando com dragões e inúmeras criaturas como se fossem seu animal de estimação? Realizando teletransportes?

Pois é… a maioria dessas pessoas provavelmente ficariam paralisadas de terror se uma pessoa morta aparecesse na frente delas durante a noite, na escuridão do corredor pelo qual atravessam para ir ao quarto.

Neste texto iremos abordar sobre o medo natural e instintivo o qual estamos sujeitos e algumas possíveis formas de se trabalhar para podermos trilhar nossa caminhada sem sermos escravos desses mesmos medos.

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Medos, Buscas, Completude e a Alquimia Interna

Medos, Buscas, Completude e a Alquimia Interna

“Quem irá cantar para mim
No sonho da morte em que fui deixado
Quando eu ando no Caminho para Hel
E a trilha em que piso
É tão fria, tão fria”.
(1)

Este é um ano diferente dos demais.

Não pelo fato dos acontecimentos serem únicos – para uma vida realmente vivida, devemos ter muitas coisas únicas ou experimentar coisas pela primeira vez.

Pode parecer besteira, mas a experiência não se dá apenas através da repetição e lapidação, mas também pela experimentação de coisas novas, ou ainda, de colocar em prática pensamentos e ideias atrativas ou fascinantes, mesmo sem saber se haverá bom resultado ou não: gostar ou não faz parte do conhecimento e do auto conhecimento, o que é algo muito importante no Caminho.

Enquanto no Estruturalismo(2) nossas escolhas são pré determinadas pelas estruturas sociais ao nosso redor e tudo que sabemos e escolhemos são apenas resultados dessas bases, no Existencialismo(3) temos a ideia antagônica de que somos livres e que com isso temos uma pesada e complexa responsabilidade em nossas escolhas, assim como responsabilidade em suas consequências, mesmo sem sabermos quais seriam.

Seria a morte parte da estrutura humana ou poderia ser também uma experimentação única em si?

De qualquer forma, algumas coisas podem e deverão ser escritas neste texto, tendo como base experiências, reflexões, escolhas, estados e, obviamente, transformações.

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O Amor, a Rejeição e a Dor no Caminho: Vivendo aquilo que se discursa!

O Amor, a Rejeição e a Dor no Caminho: Vivendo aquilo que se discursa!

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Creio que a verdade é perfeita para a matemática,
a química, a filosofia, mas não para a vida.
Na vida contam mais a ilusão, a imaginação,
o desejo, a esperança.
(1)

A citação acima, muito perspicaz, nos conta de uma constante moderna (mesmo que o autor tenha vivido de 1911 – 2011), mesmo que estejamos falando dos mundanos. Sim, a maioria é mundana, até mesmo aqueles que se dizem traçar os Caminhos ocultos ou Sinistros.

Este texto visa falar de algo que acompanho ha um bom tempo e que não somente permanece na mesma situação em décadas, mas que piorou com o advento da internet e da facilidade do acesso a informação, compartilhamento e, principalmente, da auto divulgação – seja para outras pessoas ou até mesmo para si mesmo como auto afirmação!

Embora pareça comum, este texto ha de atingir o orgulho de MUITA gente, mesmo que eu não cite nomes em específico e não o esteja direcionando a ninguém! portanto, pra quem se identificar, lembrem-se que vocês não possuem essa importância e que eu não fico na internet discutindo coisa alguma: aqui vem o olhar de quem já observa ha muito tempo uma praga que nem mesmo poderia dizer que é moderna, pois antes dos “ocultistas/satanistas/bruxos/magos/e-o-que-quer-q-seja de internet” existirem, nós já tínhamos as mesmas pessoas “de livros”; embora fossem muito mais raras e mais difíceis de se encontrar – dava trabalho demais ficar indo atrás de livros físicos para se estudar sobre ocultismo, bruxaria e etc.

Chega de hipocrisia! Chega de meio termo e de gente fraca!

Vamos tratar o Caminho como algo sério e essencial ao invés de uma mera parafernália estética ou social onde você mantem sua pose de ‘adepto de merda’ (ou sombrio, sinistro ou tradicional) via internet!

O Lobo rosna brevemente como aviso e morde em seguida.

O Cão apenas faz estardalhaço enquanto late!

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O Bem, o Mal e a Bruxaria

O Bem, o Mal e a Bruxaria


(Imagem retirada da internet, da HQ Lúcifer, da Vertigo)

“Titânico Prometeu – Deus da luz proibida,
Sua chama negra nós carregaremos como um legado do Seu Poder.
Pai da Iluminação – Deus da luz sem sombras,
Sol Negro dos mistérios escuros – restaure a Visão do Dragão”
(1)

 

Haver-se-ia inúmeras formas de se começar este texto e de fazer introduções mais didáticas ao assunto proposto, porém, dada a natureza da postagem e por incrível que pareça a falta completa de abordagem direta para tais assuntos, resolvi escrevê-lo de forma espontânea, tentando ser o mais elucidativo quanto for!

Para muito de nós (e quando falo “nós” eu me refiro aos mais antigos e àqueles que possuem um entendimento diferenciado e mais real do que seja bruxaria, sem fantasias ou ideias impregnadas da moral atual), é realmente triste nos deparamos com ideias construídas a partir de conceitos de “senso comum” perpetuados na bruxaria. É claro que ninguém descarta a Era atual e muito menos a cultura vigente, pois ninguém vive a vida de nossos ancestrais, mas sim, uma vida no mundo de hoje, atual, contemporâneo; tentando sempre manter certas tradições e entendendo que existem certas coisas que não podem ser mudadas simplesmente pela falta de coragem, estômago, visão ou pelo medo e limitações de quem teme às mudanças que o Caminho pode trazer.

Ha uma noção extremamente distorcida entre “certo e errado”, “bem e mal” no que diz respeito a bruxaria.

Alguns pontos deverão ser colocados em evidência para sermos capazes de falarmos sobre, bem como assuntos polêmicos e desagradáveis para muitos, ou ainda, dolorosos de forma íntima para a maioria.

Porém,vamos salientar a hipocrisia, mesmo que inconsciente, desse monte de ditos “pagãos” ou “neopagãos”, bruxos, feiticeiros e qualquer outra nomenclatura que lhe for confortável: não importa, iremos falar de assuntos que atingirão a todos em muitos níveis e cada um é livre para expressar a insatisfação, satisfação, incômodo, medo, limitação ou qualquer que seja a incapacidade ou opinião genuína a respeito dos assuntos. Lembrando-se sempre que SEU caminho é apenas o SEU caminho, e nada mais.

Vamos começar a derramar o sangue dos inocentes…

 

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Identificando padrões: Bruxaria e as formas de Poder

Identificando padrões: Bruxaria e as formas de Poder

“A beleza de um falcão branco,
Minha marca em sua pele,
Siga-me escada abaixo quando nós morrermos.
Sua alma está no céu,
Seu corpo no inferno,
Isso não importa muito pra mim”.
(1)

 

Não pretendo fazer desta postagem algo muito longo, mas penso que poderia escrever sobre algumas coisas que possivelmente podem ser úteis a algumas pessoas, na maioria iniciantes no Caminho ou que ainda ficam perdidas em meio a certas situações, principalmente na internet e, muitas vezes, no mundo real.

Primeiramente devemos manter em mente que a Bruxaria em si é fluida, sem forma, que se adapta, muitas vezes como a água. Da mesma forma ela pode ser selvagem, destrutiva e criativa como o fogo. Ela é imprevisível e impetuosa e afiada como o vento e possui fundamentos tão antigos e tão firmes quanto a terra. Ela agrega o que está acima, o que está abaixo e, principalmente, o que está no meio. O bruxo, muitas vezes, tende a ser um eixo entre mundos e poderes. Um sábio que conhece certos segredos e costuma respeitar as tradições da própria terra, podendo fazer uso de qualquer elemento em que enxerga Poder ao seu bel prazer.

Não existe ‘uma” bruxaria. Não existe uma “entidade” bruxaria. nem Deuses únicos ou formas únicas de se fazer ou ser bruxo. Não existem autoridades, donos ou instituições na bruxaria e ninguém, de forma alguma, manda, desmanda ou decide coisa alguma. Ninguém manda no bruxo e muito menos na Arte sem Nome.

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Lições do Caminho Partido: A incerteza como Aliada

Lições do Caminho Partido: A incerteza como Aliada


(Pintura do artista Takato Yamamoto)

Eu fico com você agora, meu amigo
Minha língua de navalha está lambendo suas bochechas rosadas
e orelhas feridas.
Eu sussurro segredos sórdidos que não são verdadeiros, nem falsos

(1)

Tenho passado mais tempo observando as pessoas do que interagindo tanto com elas. Claro, tenho passado muito menos tempo na internet e focado em mais coisas do meu dia-a-dia e daquilo que me importa.

De certa forma, tenho ignorado cada vez mais as pessoas que me aborrecem ao invés de entrar em atrito direto e resolvido as coisas com mais calma e jeito do que com truculência, intimidação ou argumentações incisivas. Não que nada anteriormente não fosse eficaz, sempre deu certo de uma forma ou outra, mas acho que com os anos nossas prioridades mudam…e mudam muito. Agora vejo melhor do que nunca a total perda de tempo em discutir certas coisas ou de insistir em algum assunto, discussão ou problema: as coisas podem ser muito mais simples e certas coisas não valem realmente o meu esforço.

É a mesma coisa com “inimigos” (acredito que não tenha…ao menos declarado rs): não tenho inimigos, pois não dou essa honra para qualquer um. Gente que não gosta de mim? deve ter vários. Gente que quer meu mal? provavelmente tem. Mas isso não é um inimigo, é só alguém que não gosta de você. Também tem gente que não gosto – e que apenas ignoro.

Caso eu considerasse alguém como meu inimigo, eu deveria agir rapidamente, pois reconheceria que essa pessoa poderia representar algum perigo para mim.

Nomear alguém como seu inimigo é atribuir valor a essa pessoa. Gente medíocre tem muitos inimigos, gente fraca também.

Sempre vejo muitas pessoas brigando via internet por causa de assuntos completamente irrelevantes. Se importando com coisas que nem mesmo afetariam suas vidas, nem mesmo indiretamente. Logo, qual o objetivo? nenhum, apenas a discussão. E normalmente as brigas se dão pelas certezas. Isso mesmo, pelas certezas individuais.

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As Visões de Mundo de um Andarilho da Arte sem Nome

As Visões de Mundo de um Andarilho da Arte sem Nome


(Art by Valin Mattheis: Facebook Page and Strange Gods Website)

Queime Brilhante e eterno:
O coração da Estrela no coração da terra,
O coração da terra no coração do homem!
(1)

 

Muitas vezes, enquanto Caminho por algum de meus trajetos comuns ou quando decido subitamente mudar a direção ou experimentar outros caminhos, sempre me pego observando as sutilezas de toda uma poesia aparente na existência. Longe de ser apenas algum tipo de reflexão ou devaneio acerca do tema que começo abordando nesta postagem (mas também sendo tudo isso); também pretendo apontar a importância que enxergo nas diferentes visões de mundo quando falamos de Bruxaria.

A priori, pode parecer que se trata apenas de um ponto de vista (e realmente, no final, poderia mesmo ser apenas isso), mas é sábio notar as sutilezas entre as diferentes visões e de como podemos notar algumas diferenças entre aqueles capazes de “enxergar além” das pessoas que enxergam apenas o que lhes apontam ou que param de ver aquilo que lhes é proibido, seja por uma moral, convenção social ou mesmo através do sacrifício da visão pessoal (subjetiva) em nome de uma realidade geral e mecânica (objetiva) que no final não passa de uma ilusão.

Bruxos enxergam o mundo de forma diferente. Porém, não vivemos apenas no mundo das ideias como a maioria das massas: nós reagimos, interagimos e vivemos de acordo com essas diferentes visões de mundo.

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A Beleza das coisas não vistas

A Beleza das coisas não vistas

A woman carries decorated human skull or "natitas", as she waits to be greeted by the priest inside the Cementerio General chapel, during the Natitas Festival celebrations, in La Paz, Bolivia, Sunday, Nov. 8, 2015. Although some natitas have been handed down through generations, many are from unnamed, abandoned graves that are cared for and decorated by faithful. They use them as amulets believing they serve as protection. The tradition marks the end of the Catholic All Saints holiday, but is not recognized by the Catholic church. (AP Photo/Juan Karita) ORG XMIT: XJK109

(Um dos crânios humanos do festival das Natitas, Bolívia) (1)

O estigma da desilusão
Confirma sua própria ilusão
E depois de tudo esse pode ser você.
(2)

Boa noite aos leitores da Nona Direção! Hoje vamos falar sobre beleza! Não, não será apenas sobre a beleza convencional ou padrão de nossa sociedade. Iremos falar da beleza que cerca a bruxaria e das formas esquecidas e ignoradas pelas pequenas mentes que cismam em  permanecer em nosso meio.

Esta é uma postagem muito simples, mas que para muitos pode ser complicada de entender. Aqueles que entendem ou sintam a poesia da linguagem dos Deuses, dos espíritos e entidades de nosso mundo, saberão exatamente do que estarei falando em algumas partes. Afinal, a poesia em si é a linguagem dos Deuses, como o vinho que faz as pedras falarem.

Todos nós temos gostos diferentes e desejos por estéticas distintas. Muitas coisas são reconhecidamente como uma beleza comum, onde a maioria concorda que seja algo belo. Tudo bem, mas e na bruxaria? quando falamos de beleza, o que realmente podemos ter em mente?
Oras, TUDO!
A existência em si é de uma beleza única. Atemporal e sem espaço. Inexistente ao mesmo tempo e que está em todas as coisas. Até aqui tudo bem, mas é aí que entramos em uma outra área mais obscura para a maioria, assim como repulsiva ou até mesmo terrível para a maioria das pessoas: É aqui que nós devemos entender a natureza dos Deuses, do mundo, da NOSSA.

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Os Vícios e os Erros modernos na Bruxaria

Os Vícios e os Erros modernos na Bruxaria

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“Não faça o que desejar – Faça o que é necessário.
Tome tudo o que você recebe – dê tudo de si mesmo.
O que eu tenho – eu seguro!
Quando tudo mais está perdido, e não até então, prepare-se para morrer com dignidade.”
(1)

Poderia haver outras formas de começar esta postagem, que embora escrita de forma espontânea, possui pensamentos e ideias não somente pessoais, mas ideias compartilhadas por inúmeros praticantes da Arte. Dentre esses praticantes que cito, boa parte não revela e nem discute sobre as próprias práticas abertamente, dando no máximo alguns vislumbres através de inspirações, algo que consideramos sagrado e divino. Alguns poucos dedicam-se a uma divulgação mais aberta, para ensinar ou viver de seu ofício, mas a maioria de nós prefere ser mais reservado. De qualquer forma, comecei a postagem com a máxima acima de um Bruxo Tradicional famoso entre aqueles que Andam o Caminho e possuem um grande respeito pela “Arte sem nome”, a qual antecede todos os conceitos modernos e “new age” na Bruxaria em si.

Irei abordar vários tópicos a respeito do que é praticado entre aqueles que possuem um Caminho mais tradicional e do que acaba ocorrendo nos meios modernos e em algumas novas religiões, como a Wicca e os reconstrucionismos mais conhecidos, pois esses influenciaram boa parte da mentalidade moderna, seja isso bom ou ruim.

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