Os Vícios e os Erros modernos na Bruxaria

Os Vícios e os Erros modernos na Bruxaria

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“Não faça o que desejar – Faça o que é necessário.
Tome tudo o que você recebe – dê tudo de si mesmo.
O que eu tenho – eu seguro!
Quando tudo mais está perdido, e não até então, prepare-se para morrer com dignidade.”
(1)

Poderia haver outras formas de começar esta postagem, que embora escrita de forma espontânea, possui pensamentos e ideias não somente pessoais, mas ideias compartilhadas por inúmeros praticantes da Arte. Dentre esses praticantes que cito, boa parte não revela e nem discute sobre as próprias práticas abertamente, dando no máximo alguns vislumbres através de inspirações, algo que consideramos sagrado e divino. Alguns poucos dedicam-se a uma divulgação mais aberta, para ensinar ou viver de seu ofício, mas a maioria de nós prefere ser mais reservado. De qualquer forma, comecei a postagem com a máxima acima de um Bruxo Tradicional famoso entre aqueles que Andam o Caminho e possuem um grande respeito pela “Arte sem nome”, a qual antecede todos os conceitos modernos e “new age” na Bruxaria em si.

Irei abordar vários tópicos a respeito do que é praticado entre aqueles que possuem um Caminho mais tradicional e do que acaba ocorrendo nos meios modernos e em algumas novas religiões, como a Wicca e os reconstrucionismos mais conhecidos, pois esses influenciaram boa parte da mentalidade moderna, seja isso bom ou ruim.

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Os Deuses da nossa terra – Um pouco sobre alguns Deuses Tupi-Guaranis

Os Deuses da nossa terra – Um pouco sobre alguns Deuses Tupi-Guaranis

Jaci
(Deusa Lua Jaci, arte de Bianca Duarte)

Abá o-ikó ‘y pupé
Taba suí ‘y pupé
Kunumim o-monhang r-apé
Kunumim o-monhang r-apé
Yby oby supé
Arara kûara-pe
(1)

Saudações aos leitoras da Nona Direção! Desta vez estou trazendo um tema que já merecia estar presente ha muito tempo: Os Deuses de nossa terra!

Inicialmente, quando pensamos nos povos indígenas, temos o habito ignorante de pensar em um só povo. Note que digo “povo” e não “tribo”, e que falo ‘”indígena” e não “índio”. Parece besteira, mas assim como o total desconhecimento de toda a nossa sociedade para com os Povos indígenas, aqueles cujo povo habita nesta terra antes de nossos ancestrais chegarem, essas palavras possuem pesos bem diferentes. Deixei lá nas notas um excelente texto de Daniel Munduruku sobre o tema e recomendo a leitura.
(2)

Existem muitas etnias indígenas e cada um possui suas próprias tradições, Deuses, espíritos e tradições. Não existe um povo indígena apenas, e sim, muitos. Como alguém que também está iniciando os estudos sobre os povos indígenas, vejo a necessidade de deixar alguns desses conceitos expostos, visto que é um elemento cultural extremamente rico e, como andarilhos desta terra sagrada, nossa obrigação é a de respeitar e de tentar manter viva a cultura dos Povos Indígenas e, a informação é o primeiro passo.

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Um pouco sobre Orfeu e Os Hinos Órficos

Orpheuse_before_Pluto_and_Persephone_by_François_Perrier
(Orfeu diante de Hades e Perséfone, por Francois Perrier)

“Caída em nosso mundo,
A serpente do Paraíso
Senhora da Sabedoria
Nas canções de Orfeu.”
(1)

Orfeu: Herói e Poeta

Os Hinos Órficos são um conjunto de poesias devocionais atribuídos ao grande Orfeu, tido nas histórias Helênicas(2) como o maior poeta e músico que existiu.

Era dito que quando tocava sua Lira(3), os pássaros interrompiam seu voo para escutar sua música; os animais selvagens perdiam o medo e se aproximavam e as árvores se inclinavam para ouvir sua música trazida pelos ventos.

Após perder a sua amada Eurídice(4) numa tragédia, Orfeu desceu até o submundo afim de encontrar sua esposa. Convenceu Caronte(5) a transportá-lo vivo pelo Estige(6) comovendo-o com sua Lira; acalmou e adormeceu Cérbero(7) com sua música e a cada monstro e guardião que encontrava pelo caminho, conseguia passar encantando-os com sua Lira.

Quando chegou ao Deus dos mortos, o poderoso Hades, o mesmo se enfureceu por ter em seu mundo um mortal. Então Orfeu tocou sua Lira e toda a agonia de sua música comoveu a todos no submundo, inclusive o Deus dos mortos, que chorou lágrimas de ferro. Comovida, sua esposa Perséfone pediu ao marido que concedesse o desejo de Orfeu, e Hades assim o fez, sob a condição de que Orfeu não olhasse para sua amada que viria atrás de si até que a luz do dia a tocasse novamente. Continuar lendo