O Voo Noturno: um pouco sobre Sonhos Lúcidos, Viagens Oníricas e Projeções Astrais.

Ascension
(Austin Osman Spare)

(1)*

“Em um sonho
Eu estou escalando as nuvens
Eu toco um céu conquistado
Com minhas mãos nuas”
(2)

Muito é dito sobre viagens a outros reinos de manifestações através dos sonhos, mas pouca coisa realmente é dita e menos ainda alcançada.

A ideia que muitas pessoas possuem desse tipo de viagem, consiste em ideias totalmente simplórias, como se todos fizessem viagens astrais a todo o momento, apenas não se lembrando ou ainda persistindo numa ideia de que ao fechar os olhos, sua alma sai do corpo todas as noites para visitar outros locais. Não que essas ideias não possuam alguma lógica ou sentido, mas temos que observar que tais ideias partem em sua maioria da doutrina espírita Kardecista, portanto, carrega o peso de seus ensinamentos moralistas e cristãos, como por exemplo, a ideia de que não se pode usar a viagem espiritual para fazer maldades, espionar ou alterar eventos, descobrir talismãs, símbolos, poderes, etc… e como o mundo não é regido pela lei cristã, devemos dizer: é claro que se pode. Aliás, descobrir poderes, símbolos, contatar entidades de variadas naturezas, ir a reinos de seres de comportamento ou tendências variadas e se fortalecer de inúmeras formas é simplesmente a ideia básica daqueles que trilham o Caminho. Continuar lendo

A Natureza inconcebível de Lilith

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“Elixir do Ventre,
Obscura fonte dos Caídos,
Com estas águas
Eu esta poção fermento:
Fonte escura das veias de Elphame,
Sangue dos Anjos recém-assassinados,
E Néctar da escuridão de Morpheus feito,
Das malditas Flores das Sombras.”
(1)

Muito já fora escrito sobre a Rainha do Sangue, principalmente sobre alguns dos sincretismos de suas origens e também das advertências de se chamar o seu nome esperando algum tipo de “Deusa mãe” que vai lhe acolher abaixo de suas asas. A ideia desta postagem é tentar esclarecer algumas ideias sobre tal figura, realmente importante tanto na Bruxaria quanto em inúmeras vertentes, crenças e sistemas.

Longe de se tratar de verdades absolutas ou indicando o que seja certo ou errado, a pretensão deste texto é a de escrever e descrever um pouco sobre algumas visões e trabalhos que envolvam o seu nome e seus terríveis poderes. Sim, “terrível” é algo que se encaixa quando tratamos da ‘Mãe do Sangue’, concebida e comparada sob inúmeros aspectos com atributos de várias outras divindades e, ao mesmo tempo não sendo nenhuma delas em específico, Lilith é uma gama de poderes incontroláveis, cruéis, implacáveis e costuma mexer com nossos piores medos e temores, trazendo a tona traumas e seduções que fazem muitos se perderem em meio aos piores sofrimentos e os prazeres mais intensos, sem nem mesmo conseguir diferenciar quando é que muda de um para o outro. Continuar lendo

Conceitos Draconianos: influências culturais e ligações com a Bruxaria

“Eu me tornei um irmão para os Dragões, e um companheiro para as Corujas”. (1)

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(Pintura de William Blake)

Incontável é o número de histórias que ouvimos falar sobre esses seres de imenso poder e imponência. Inúmeras são suas formas e seus poderes, sempre temidos e fascinantes. Assim sempre foi e sempre será a figura do Dragão, seja como símbolo, como criatura, como Deuses ou Demônios: os Dragões estão vivos em inúmeros planos de existência e de manifestações: Imaginários, religiosos, físicos e simbólicos. Portanto, a proposta deste texto é tentar mostrar um pouco mais sobre tais criaturas, baseando-se em variados povos e culturas, de épocas diferentes e inclusive no que ainda existe tanto nas religiões mais novas quanto na crença e na fé de outros grupos, bem como a importância de sua figura e de seu imenso poder que nos remete á verdadeira Sabedoria, finalizando com sua ligação extremamente importante na Magia e na Bruxaria em si. Continuar lendo

Bruxaria, Bíblia e sincretismo religioso – Parte 2: Bruxaria e Cristianismo

Para entender melhor este texto, aconselho ler a Parte 1: A origem do deus do Velho Testamento.

 

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(Sigilo de Caim, por Michael Howard)

Esta é a segunda e última parte da postagem (que infelizmente demorou a sair devido aos meus projetos pessoais de mais urgência) e que buscarei tentar não me alongar em demasia, visto que o assunto é extenso e requer, acima de tudo, leitores que não vivem sob a sombra do temor de crenças alheias, muito menos dos que ainda se sentem mal quando ouvem algumas palavras e possuem certos tabus advindos da própria criação e/ou traumas religiosos e sociais.

O Caminho que tomaremos neste texto é variado, embora seja sobre o mesmo assunto, futuramente servindo como uma bússola para se aprofundar em outros que estarão nesta postagem…ou não.

O que muitas pessoas ignoram quando tratamos de Bruxaria é que a mesma é tão vasta e tão antiga, que não existe barreiras ou dogmas, regras ou moral, ética ou lei que possa definir, limitar, controlar ou julgar a Ate em si.

As ideias de Murray quanto a Bruxaria ser a “Antiga Religião” contradiz não só as evidências históricas, sociais e culturais (como se fosse pouco rs), mas também a crença e a fé de diversos autores, clãs e bruxos espalhados pelo mundo. Não, eu não somente foco uma suposta “teoria” baseada em um autor ou um segmento de bruxaria. Não, não me baseio apenas nas experiências alheias e muito menos no que aprendo pela internet ou repito o que outros me disseram: aquilo que eu faço é buscar. Infelizmente, a esmagadora maioria dos ditos “pagãos” não buscam nada além de sua própria zona de conforto. Aceitam aquilo que lhe ensinaram ou aquele pouco que aprenderam e tentam defender isso com unhas e dentes, sem contestar e dando desculpas para suas faltas de conhecimento e esforço. Continuar lendo