Considerações pessoais aos iniciantes na Bruxaria

Considerações pessoais aos iniciantes na Bruxaria

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Por debaixo da máscara na qual você se enterrou
É preto como carvão.
Eu estou cansado de engolir o que você faz
Cada dia uma face nova
E se eu desparafusar
Sua própria identidade
Você não se perguntaria se iria restar algo de você?
(1)

Decidi escrever este texto de forma espontânea. Não preparei materiais especiais e nem tampouco várias referências para usar como base. Não, este texto será espontâneo e irá refletir minhas considerações para aqueles que começaram a andar ha pouco tempo no Caminho e para aqueles que desejam começar a andar de alguma forma. Talvez o texto sirva para aqueles que já possuem uma boa caminhada, afinal, algumas experiências pessoais podem trazer algumas reflexões a cada um de nós e acabar por nos presentear com uma pequena fagulha que, se em contato com algo inflamável, poderá acender uma chama crescente, como o sopro do Grande Dragão.

Eu não tive propriamente um “início” na bruxaria, visto que pelo que aprendi, já estava envolvido em vários níveis dentro de algumas práticas. Desde pequeno eu assistia rituais de Umbanda tanto na minha casa quanto na casa de parentes. Lembro de realizá-las dentro da sala da casa em que eu morava no Rio de Janeiro. Fazíamos cantigas, batíamos almas, havia velas, cachaça, charutos. Minha avó se contorcia com os olhos arregalados e a respiração ofegante, como se o espírito que a possuísse estivesse se adaptando aos sentidos da carne. Como eram bastante cristãos, assim que o espírito estivesse pronto, ele batia na cabeça e dizia “mais do que deus ninguém pode”.

 

Assistíamos a tudo e mesmo pequeno, participava ou estando presente ou sendo abençoado pelo espírito, que molhava a boca das crianças com o dedo umedecido em cachaça e com a fumaça do charuto (com a brasa para dentro da boca) soprado e cruzado na altura das pernas, do tronco e da cabeça. As vezes faziam o sinal da cruz usando cachaça, como se fosse água benta, pois seria uma bebida abençoada por aquele espírito.

Além disso, eles também eram kardecista e quando era adolescente, minha avó queria que eu fizesse treinamento no centro kardecista para ser “médium”, pois ela dizia que se eu fizesse isso, seria um dos maiores médiuns. Sempre achei isso exagero, mas nunca concordei, pois desde pequeno já enxergava as coisas diferentes: para o total desagrado de minha família.

Fui forçado a frequentar a igreja católica para o catecismo e lembro que fazia perguntas e afirmações que deixavam os padres desconfortáveis, as vezes indignados com minhas posições precoces. Essas posições não era devido a conhecimento, e sim, devido a coisas que parecia já sentir e enxergar, pois era muito pequeno. Após a primeira comunhão, nunca mais frequentei nada, nem missa. Oh, é claro, ah não ser para roubar “o corpo de cristo e o sangue de cristo” consagrado ou ainda pegar água benta para meus próprios fins, como Chamar o Diabo.

O engraçado, é que desde pequeno eu achava (seja o motivo que for) que deveria existir muito mais do que eles falavam nas igrejas. Eu tinha sonhos vívidos, via coisas na escuridão e muitas vezes eu realmente imaginava, pois sempre tive uma mente fértil e bastante ativa. Imaginava tanto, que tinha certeza que existia muito mais, afinal, aquele deus e aquelas coisas ensinadas, além de não parecerem certas, não pareciam ser realmente seguidas por aquelas pessoas. O mesmo ocorria com os protestantes: todos pareciam chatos, pois não possuíam imaginação e nem conseguiam enxergar aquele mundo que teria muito a oferecer. Além disso, só havia críticas sem motivos e obrigações sem sentido.

Quando adolescente, além de algumas práticas que havia aprendido na família, eu vivia enfiado em livrarias, onde eu sentava com um caderno e copiava tudo o que achava útil. Naquela época, não havia internet, PDFs, E-books…ou você tinha dinheiro para comprar o livro ou fazia como eu e pegava um ônibus para algum lugar que tivesse uma livraria e metia a cara, passando as vezes o dia todo só fazendo isso. Era emocionante. Ainda mais quando você esbarrava com outras pessoas fazendo o mesmo (ou elas esbarrassem em você) e aí se trocava ideias. Existia um certo tabu em se falar sobre isso abertamente, mas na adolescência todos se empolgavam bastante.

Minha família começou a pegar pesado em certas épocas, dizendo que os sonhos maravilhosos que lhes contava era sinal ruim, pois correr com Lobos ou na forma de um Lobo numa floresta ou num campo aberto; caçar e comer animais junto com outros Lobos era um sinal ruim. Isso não ajudava em nada, a não ser ficar cada vez mais fechado para minha família. até o ponto de não deixá-los mais participar. Claro, nunca disfarcei meus rituais, práticas e objetos: era o que eu acreditava, era o que eu fazia e o que eles fariam? não me importava. Isso me afastou de forma permanente no que diz respeito a intimidade.

Após conhecer muita gente e passar por vários grupos, lembro que a grande maioria não me trouxe aprendizados que somassem, embora a grande parte desses me trouxeram “o que não fazer” e conhecimentos sobre as pessoas que se diziam “bruxas”, principalmente no meio dos Wiccanos. Mesmo assim, nada havia mudado sobre como eu me sentia e de como eu enxergava o mundo. Havia muita roupagem dos ditos “neopagãos”, mas eles eram muito parecido com as pessoas das igrejas num geral. Passei em poucos covens e locais, depois conheci o Ásatrú e o Odinismo, o que também me levou a certas contestações e no final, vi que não era exatamente “recriar” alguma coisa que eu precisava. Aquilo não traduzia minha realidade e nem a realidade que enxergava no mundo.

Vejam: não se tratava de “achar um lugar” com roupa diferente, nem mesmo em algo “para acreditar”, pois esse nunca foi meu problema. Todos esses lugares me pareciam iguais, só mudava a roupa. Além disso, a ideia moderna de bruxaria me era estranha, pois essa Deusa dos neopagãos era igual ao Jesus da igreja, só que de saia e aprovando o sexo para prazer. Os valores eram os mesmos, as limitações similares e os dogmas diferentes, mas mesmo assim, dogmáticos! Continuava a pensar “deve haver mais”.

Eu costumava dizer que eu podia ouvir ‘meu Lobo uivar’ e aí era um sinal de que eu deveria sair de onde estava, pois aquilo não era mais suficiente. Foi então que decidi ficar na minha e praticar coisas que acreditava e que funcionavam pra mim.

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Nesse tempo eu consegui me assentar, embora ainda tinha desejo de encontrar pessoas que fossem parecidas comigo. Deveria ter em algum lugar. E foi o que acabei encontrando. Fui convidado a entrar em um Clã, no qual tive ótimos momentos e aprendi muito. É absurdo o sentimento de ter pessoas parecidas, que entendessem parte daquilo que você sempre enxergou. Era como um grupo de exilados. De pessoas que também não encontravam pares na sociedade e nem em grupos neopagãos ou de outras religiões. Aprendi bastante coisa enquanto estava lá, com várias pessoas.

Nesse grupo, acabei conhecendo uma pessoa extremamente importante na minha vida e tive muitos aprendizados com Ela. Junto com essa pessoa, nós saímos desse Clã e vivemos muitos anos intensos e de aprendizados únicos e eu não seria o homem e o bruxo que sou hoje, não fosse por ela e por tudo o que passei e que passamos juntos.

Uma das coisas que aprendi e que acho importante é a de que os verdadeiros preconceitos estão em nós. As falhas, os medos, inseguranças…tudo isso pertence a nós. Eu não gosto de ficar debatendo ou impondo conhecimentos aos outros: a forma de ver o mundo, a mente aberta para as possibilidades, saber que suas opiniões mudam e que certas fontes das quais dominavam sua confiança, podem ser fontes sem precisão ou relevância no futuro.

Descobri que o que faltava não era um grupo, era eu entender que eu já tinha tudo o que precisava enquanto bruxo, enquanto Caminhante, Peregrino, Walker. Meu sangue sempre ferveu; meu Lobo sempre uivou; meu espírito sempre alçou vôos. Minha mente era livre. E ter passado por toda essa Caminhada me fez crescer e perceber inúmeras coisas das quais não entenderia de outra forma.

Atualmente não possuo grupo, embora faça parte de algumas ordens, como o Temple of Ascending Flame e a Dragon Rouge, o que me possibilitou conhecer muitas pessoas e a fazer ótimos contatos. Embora essas Ordens não seja de Bruxaria em si, contem inúmeros elementos de bruxaria e que também pude absorver para enriquecer meu Caminho e minhas práticas, compondo mais poderes a minha vida. Sem falar em começar a escrever para publicações físicas.

Tenho minhas práticas e minhas experiências, faço minhas coisas sem alarde e na minha própria intimidade. Não possuo planos nem de entrar para algum clã e nem pretendo no momento atrair pessoas para formar um próprio. Embora sempre esteja aberto a novas práticas e aprendizados: se essas puderem contribuir para meu crescimento.

Mesmo assim, irei deixar aqui algumas considerações mais específicas para quem está começando na Bruxaria ou em algum Caminho da Mão Esquerda:

Bruxaria não é religião. A bruxa não precisa se “religar” a nada: ela sabe que nunca esteve “desconectada” ou a parte dos Poderes divinos, infernais e terrenos. ela entende sua ligação de forma natural. Não ha dogmas, mandamentos, instituição, templo, clero ou sacerdotes que detenham qualquer autoridade sobre você ou suas práticas. Não existe fiscal, dono ou Deuses específicos. Aliás, não ha obrigação de seguir ou obedecer Deus algum. Da mesma forma, também não ha proibições em seguir algum.
Wicca é uma religião jovem, dos anos 50’s, composta a partir de diversas fontes, com muita coisa de magia cerimonial cristã com adaptações em seus rituais, portanto, a Wicca contém elementos de bruxaria, mas não é a Bruxaria em si. Não sou wiccano, mas sei que é uma religião com seus dogmas e práticas, portanto, não se trata de mais ou menos válido, mais ou menos certo, e sim, de ser uma religião existente e com adeptos.

Não ha “leis” na Bruxaria. Lei tríplice foi algo inventado pelos Wiccanos. Isso não tem nada a ver com bruxaria. Não ha magia negra, branca, azul ou vermelha. Magia é magia, o que você faz com ela (se puder) é de sua responsabilidade.

Bruxaria não repudia os ícones monoteístas. Aliás, é bastante comum fazer uso de Santos católicos, Djinns do Islã, e Demônios judaicos: descartar poderes por causa de um ícone é descartar o seu próprio Poder. Da mesma forma, podemos ver também práticas, homenagens e identificações com tantos outros Deuses e espíritos. Aqui deve-se tomar muito cuidado e entender que deve-se abrir sua mente e trabalhar para limpar tanto o preconceito que a maioria nutre por tais ícones, quanto ter cautela quanto ao que esses ícones representam para você num nível mais profundo. Não é porque você entendeu uma ideia de forma racional, que você detém controle dos sentimentos e medos que aquilo te traz. Não é assim que funciona na vida real, só no mundo da fantasia. Mesmo lidando com espíritos e homenageando os mortos, você ainda pode sentir bastante medo ao ver um espírito saindo de uma sombra e vindo na sua direção. Da mesma forma, olhar uma imagem de Jesus pode te trazer desconforto, medo ou aquele sentimento de quando você era criança, pois isso não se controla só porque você “entendeu a ideia” ou “deixou de concordar com aquilo”. Entender é o primeiro passo e apenas reforçar intelectualmente não é suficiente: deve-se trabalhar bastante para mudar elementos tão profundos e enraizados em você mesmo. E um bruxo que não transforma a si mesmo, como uma serpente que troca de pele, não consegue transformar nada fora de si. Devemos sempre Caminhar para sermos Senhores de nós mesmos: algo bom para se refletir e descobrir como aplicar.

Cuidado com quem se julga sacerdote e se diz (ou da a entender) que possui alguma autoridade em assuntos Divinos. Assim como você deve ter cautela com títulos e estar cientes das tantas armadilhas que isso implica para seu Caminho ser interrompido e estagnado. Mesmo os Mestres mais sábios também são humanos e estão caminhando. Claro, respeite a experiência alheia e se ha alguma coisa a ser aprendida, aprenda: não escolha “linha” ou “direção”, como se houvesse alguma limitação! Sua limitação vem da sua cabeça! Trabalhe com os Deuses (seja quais forem), use ícones cristãos do seu jeito, assim como de qualquer religião ou culto: identifique poderes e use-os para aprender ou se aproprie para seus próprios fins. A sabedoria é seu eterno ideal, acima das estrelas.

Não vá pela cabeça dos outros: faça sua própria pesquisa sobre tudo. Estude sobre Lúcifer, Satanismos, Santa Muerte, Vodu, Hoodoo, gregos, nórdicos, Orixás, Cristianismo, judaísmo e tudo o mais que lhe apetecer: negar conhecimento é apenas negar conhecimento para si.

Mantenha a mente aberta para os Poderes. Não cristalize o conhecimento que você possui como verdade, e sim, como aquilo que você compreendeu e, como alguém em constante movimento, sua compreensão pode mudar, assim como o fogo que aquece contra o frio e lhe ajuda a preparar a comida é o mesmo fogo que pode queimar sua casa e matar todos que nela residem. Não acredite em bem e mal. E sempre tome cuidado com “certo e errado”, pois muitas vezes um se torna o outro num piscar de olhos, mesmo que a maioria das pessoas não seja capaz de enxergar.

Honre a terra debaixo de seus pés! Sua herança! Talvez esse ponto seja o menos observado e um dos mais importantes. Antes de reverenciar Deuses de fora, conheça e preste homenagens aos Deuses de nossa terra; honre a terra em si e seus espíritos. Não esqueça de honrar seus ancestrais, mesmo se forem cristãos, honrar os espíritos não é questão de ‘preferência’ da crença, mas de honrar os espíritos respeitando-os e lhes fazendo ofertas de vez em quando. Respeite as entidades da nossa terra, sejam indígenas, sejam africanos ou sincréticos com santos e outros mais: é sua terra. Se você é descendente de europeus (como eu), lembre-se que foi esta terra sagrada que recebeu seus ancestrais e que esta mesma terra lhes foi generosa. Portanto, a primeira coisa é respeitar o que está abaixo de seus pés. Nossa terra possui muita sabedoria e poderes de várias partes do mundo, nunca se esqueça disso.

Esse texto foi colocado de forma espontânea, enquanto ouvia a Sinfonia No.5 e a No.9 de Beethoven, as quais tenho escutado para cozinhar, mas isso já é outro assunto.

HDHM!
FFF
Leonard Dewar

Chuva, traga-me a força
Para ter mais um dia,
E tudo o que eu quiser ver,
Nos liberte!
(2)

Tupã
(Deus Tupã, por Bianca Duarte)

Notas:

(1) Música “Éleanor” da banda The Gathering;

(2) Música “Roots, Blood Roots” (Raízes, Sangrentas Raízes) da banda brasileira Sepultura.

24 Respostas para “Considerações pessoais aos iniciantes na Bruxaria

  1. É reconfortante (não sei exatamente qual palavra usar, mas é satisfatório, um pouco mais que isso) saber que há concordâncias com pessoas que nunca vi, não conheci, provavelmente não conhecerei, e que eu sempre soube. Volto agora, depois de muito negar, mas foi necessário, talvez. Que bom ler! Gratidão, pedi ao universo por esse texto.

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  2. Que incrível esse texto. É exatamente como eu me sinto. Estou em constante busca de mim mesmo e ler isso é como afirmar a mim que não existe o certo e o errado na busca. Apenas existe o aprendizado. Obrigado pelo texto. É tão bom ler algo assim

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  3. Agradeço as palavras que me ajudou a entender o processo que passo em minha vida. Interessante como as pessoas se atraem, as energias se conectam e a gente acaba percebendo que não está só no mundo. Gratidão. Que venham mais textos assim.

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    • Olá Alessandra,
      Fico feliz que tenham mais pessoas se identificando com aquilo que compartilhei de algumas fases. São sempre processos transformadores aquilo que passamos.
      Desejo boa sorte na sua Caminhada.
      Agradeço pelas palavras.
      Abs

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  4. Olá, tenho 14 anos e sou espírita. Desde que nasci frequentava um centro de umbanda no RJ. Porém,sempre senti falta de algo mais,e acabei encontrando a wicca. E simplesmente me apaixonei pelo modo que cultuam a natureza,li muito sobre,porém sua deusa não me “agradou”…É algo difícil de acreditar,talvez eu esteja me expressando de forma inadequada. Eu acredito em um Deus,um ser de luz superior, que pode ser identificado em cada religião por um nome diferente. Acabei percebendo que a wicca não era suficiente para mim, e descobri que para seguir a bruxaria, não é necessário eu ser “wiccana”. Sou uma “leiga”, meu objetivo é estudar, e gostaria de algumas dicas de como iniciar este estudo….Se possível,seria maravilhoso se me respondesse. Obrigada!

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    • Olá Duda,

      Com 14 anos eu iria sugerir para ir bem devagar. Curta a adolescência sem se preocupar muito com isso (essa fase nunca mais volta e passa muito rápido rs).
      No mais, não esqueça as coisas práticas que te ensinaram (se essas lhe são úteis). Eu não creio num único Deus, mas se você crê, nada te impede de ser uma bruxa.
      É um processo um tanto complicado, mas quem sabe você não descobre que tem jeito pra coisa (se já não sabe né)?
      Caso queira ir conversando aos poucos, dê um pulo lá na aba “contato” e faça contato via e-mail, aí podemos trocar mensagens, caso queira.
      🙂
      obrigado pelas palavras,
      abs

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  5. Gratidão por compartilhar tão belo texto!
    Vc trouxe em palavras o oceano de emoções que habita minha mente, minha alma.Como é bom saber que não estamos sozinhos…
    Receba o meu sincero agradecimento!
    Um fraterno abraço!

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    • Olá Lisiane,
      O Caminho é sempre Solitário, mesmo que você passe por vários grupos.
      E é realmente bom saber que nós não estamos sozinhos e que existem parentes espalhados por esse mundo afora.
      Obrigado pelas palavras.
      abs

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  6. Boa Tarde Leonard !

    Sem palavras para agradecer tal Texto !

    mas há um humilde e sincero Muito Obrigado !!!

    Ps.
    Saindo de cabrestos religiosos e abrindo a mente para o Todo, mesmo com receios por conta do desconhecido, mas me conforta saber que, independente de qual linha ou o que irei seguir, quero ir sempre em direção ao Bem, mesmo sabendo que o mal, por vezes se faz necessário, nem que seja para despertar o Bem, mesmo assim não é o que quero seguir, mas estar pronto qdo precisar orientar alguém, não quero seguidores.

    Católico de berço…
    Kardecismo (bem pouco)
    Evangélico (aprendemos muito, principalmente à como não ser)
    Umbanda (mas não abri o Orí)
    E agora em busca de novos conhecimentos…

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    • Olá Ricardo,

      Realmente, os cabrestos religiosos (ótima analogia) normalmente corrompem a compreensão quando são realmente creditadas como únicas. Abrir a mente para o “Todo” (aqui não coloco como uma divindade propriamente, mas como algo mais para uma “totalidade, universo, existência”) sempre expande nossos horizontes.
      Quanto a ‘bem e mal’, depende da moral de cada um, o que varia de grupo para grupo, sejam quais forem: acredito que deva haver respeito para com os conceitos alheios de ‘bem e mal’, a não ser quando ha interferência do ‘outro’ em mim.
      E estamos todos sempre em busca de mais conhecimentos.
      Agradeço pelas palavras e pelo comentário!
      abs

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  7. Eu li este texto inteiro, e sinceramente, nem sei o que pensar.
    Cresci como você, vendo coisas que não queria ver, desde bebê.
    Passei minha infância toda triste, não acreditava em Deus, só sabia que tinha algo que me apavorava todas as noites. Só queria me livrar disso, mas não sabia como.
    Vivi uma bosta de adolescência, e agora aos 21 anos, estou tentando caminhar pra um lugar que me faça feliz.
    Hoje, sei que não consigo viver sem Jesus. Já aceitei milhões de hipóteses sobre Deus, já que não existe nada muito claro sobre Ele na Bíblia convencional, ao meu ver. Já tentei frequentar a igreja, mas não consigo. Esse mês, minha mãe se batizou numa congregação evangélica. Ela planejou sem nos contar nada, chegou toda feliz dizendo: – Estava com um frio na barriga, mas foi tranquilo. É tão bom olhar pro lado e ver pessoas iguais a gente! ~ Esse sentimento eu nunca entendi. E francamente, a essa altura, já duvido muito que venha a sentir.
    Não consigo acreditar que Deus seja tão limitado quanto os cristão dizem, na verdade, é justamente o oposto. Deus tem se mostrado pra mim uma verdadeira loucura, loucura esta que, ninguém entende. Não dá pra compartilhar o que eu penso e vivencio com as pessoas, que já sou a herege satanista gótica. Pessoas que nem sabem o significado real destas palavras, ficam usando de forma tão leviana. Chega doer o coração, rs.
    E é engraçado como muitas vezes, parece que encontramos mais conforto nos pensamentos e vivências de pessoas justamente opostas a nós. Me senti conversando com um amigo, sentada no sofá da sala ouvindo uma música baixa e suave de fundo, lendo este texto. Muito obrigada por dividir essas coisas – que não sei nem qual palavra usar pra descrever.
    Talvez eu nem deveria ter escrito nada, imaginei que seria apenas mais um texto e que, ao terminar de ler, fecharia a aba e voltaria ao meu trabalho. Mas sabe, esse é o efeito de um texto tão verdadeiro como este, faz-nos extravasar tudo o que engolimos a seco, sem pudores. Parece que a espontaneidade nos contagia. É até estranho.

    Curtido por 1 pessoa

    • Olá Sabrina,

      Fico feliz que tenha se identificado. Escrevi de forma espontânea, sem planejar, apenas fui escrevendo, pensando que alguém poderia se identificar.
      Particularmente não acredito em um só Deus e creio que muitos estão por aí. Não é o caso de colocar um acima do outro, mas entender que são diferentes.
      É possível crer em Jesus e ser um bruxo, assim como crer em outros Deuses, anjos, Demônios, Orixás, Exus, Melek Taus ou tudo de uma vez. Claro, respeitando a forma de culto de cada um deles, sem misturar as coisas de uma forma desordenada.

      Agradeço pelas palavras e por responder a este texto abrindo parte de sua própria história 🙂
      Abs
      Leonard Dewar

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  8. Em primeiro lugar parabéns pelos textos, li todos, e gostei muito.
    Segundo, à uns seis anos comecei à estudar ocultismo, me encontrei no caminho da mão esquerda assim descobri a Dragon Rouge. Li o livro do Karlsson: qabalah, qliphoth e goécia, Uthark e alguns textos e pretendo entrar na ordem em breve. Mas gostaria da sua opinião à respeito de tattoo de sigilos qliphoticos e dos daemons dos grimorios, pois tenho interesse em fazer.
    obrigado, abs.

    Curtido por 1 pessoa

    • Olá Renato,

      Obrigado pela leitura e pelo elogio e fico feliz que tenha gostado dos textos.

      Recomendo a Dragon Rouge. Ha uma boa interação entre os membros e os cursos iniciatórios são bem didáticos e possuem práticas contínuas.

      Sobre a Goécia, antes de mais nada, conheço o sistema do Lemegeton e embora eu trabalhe com alguns, não uso e nem compartilho do sistema dos grimórios.
      Como bruxo, uso aquilo que faz mais sentido pra mim. Minha visão pessoal dos Demônios são mais próximas de Daemons (algumas vezes Deuses), porém, não classifico “o que são”, preferindo trabalhar com aqueles com os quais possuo afinidade (ou que acaba sendo útil de alguma foma).
      Nesse caso, aconselharia a tatuar sigilos se você possuir uma relação mais duradoura, como se fosse uma conexão com tais entidades, no caso, se você achar que essa entidade merece tal homenagem. Além disso, tatuar um sigilo lhe deixa mais conectado (as vezes, a todo o momento) com ela.
      Eu possuo, atualmente, 2 sigilos tatuados, mesmo tendo trabalhado com mais entidades.
      É aquilo que digo: você faz aquilo que acredita ser bom ou certo pra você; se der certo, você colhe os louros, se der errado, você é quem vai arcar com as consequências 😉
      Posso falar sobre isso contigo, mas nunca te dizer o que fazer.
      Qualquer dúvida, pode me procurar no facebook ou enviar um e-mail na aba “contato” no canto superior direito do blog.
      Abs

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  9. Meu querido, que ótimo texto. Talvez seja tão bonito pelo simples fato de ser espontâneo, parece que você sentou e contou a sua história.
    Por toda a sua vida parece que você simplesmente peregrinou por várias terras e teve uma atitude dialógica para com tudo. Um filho de Caim, não? rs
    Sobre o que você escreveu para quem está conhecendo o caminho, sinto que cada parágrafo poderia ser desmembrado em um texto contando sua própria experiência com o assunto, o que acha?
    Abs.

    Curtido por 1 pessoa

    • Olá meu caro!

      Agradeço pelo comentário 🙂

      É possível desmembrar algumas partes do texto e contar as histórias por detrás de cada uma.
      Não tenho a intenção de especificar as experiências (não me expor mais do que já faço), pois a postagem foi pra ser mais geral (pulando e resumindo muita coisa).
      Mas sua ideia é interessante se eu pensar em abordar algumas coisas dessa época e falar sobre, sem me expor muito 🙂
      Abraços.

      Curtido por 1 pessoa

  10. Saudações!

    Esse texto realmente veio em boa hora! Não consigo imaginar nenhum outro momento em que esse texto seria mais perfeito!

    Obrigado por compartilhar sua vivência e seus insights conosco!Que os deuses e os espíritos o abençoe na sua jornada camarada!

    P.S: Você possui uma page no Facebook? Pois assim fica mais fácil acompanhar o site.

    Curtido por 1 pessoa

  11. Olá, gostei muito do seu texto.
    Cresci em família “””””católica””””” (tias e avós que vomitam regras e não cumprem) e fui obrigada a frequentar missas e terços até minha primeira comunhão (a única coisa que sempre achei ruim é justamente a parte de ter sido obrigada, mesmo sem nem entender o que era feito ou dito). Enquanto criança e adolescente nunca tive a opção de deixar de ir ou mudar de religião (fui a um culto evangélico uma vez – não gostei – mas só isso já foi motivo de vários sermões), o que era difícil porque sempre achei interessante qualquer coisa “esotérica” ou ocultista. Compartilho dessa opinião de que é tudo muito limitado e boa parte das pessoas que se dizem seguidoras nem sequer conhecem o próprio deus direito. Não sei dizer se acredito em um deus ou vários, tenho a impressão que acredito em todos e nenhum, ao mesmo tempo. Mas reconheço o poder que os símbolos tem.

    O que eu quero dizer é que seus textos estão me ajudando a iniciar, a buscar conhecimento (aliás, se tiver qualquer material para indicar, eu agradeço).

    Curtido por 1 pessoa

    • Olá Girl (quase escrevi seu nome, mas vi que você prefere o anonimato rs)
      Agradeço pelas palavras e pelo comentário!
      Bom saber que mais pessoas se identificam com os escritos que acabo colocando neste espaço.
      Conhecimento nunca é demais 😉
      abs

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